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DicasEncontrando poesia no linho por Grace Bonetti

Almofadas de linho puro por @santalberti

Quem me acompanha no Instagram, ou conhece a Sant´Alberti, minha loja, já sabe que o tema do meu primeiro papo aqui não poderia ser outro: o linho!

Mas não quero que esse seja mais um texto técnico sobre o linho e, sim, sobre como esse e outros materiais tradicionais podem nos auxiliar em tantos aspectos dentro de nossas casas.

Para que sejamos beneficiados desse uso no dia a dia, precisamos aprender a exercitar nosso olhar contemplativo e enxergar além do que vemos.

Cabeceira e roupa de cama de linho puro por @santalberti

O que eu quero aqui é trazer elementos para te ajudar a encontrar a poesia no linho, o que pode - e deve - também ser depois replicado no uso de outros materiais e objetos.

O linho, esse tecido que conhecemos por amassar facilmente, por ser fresquinho no verão, mas também aquecer no inverno, e por possuir um visual sofisticado e agradável, carrega consigo uma longa e rica história.

Grace Bonetti é designer de interiores. Situada em Curitiba/PR, Grace se formou pelo Instituto Brasileiro de Design de Interiores e é sócia da Sant’Alberti, marca que busca trazer a elegância e conforto do linho para componentes da casa.

Eu gosto de sempre ter em mente um pouco do aspecto histórico dos materiais com os quais estou lidando, porque isso me conecta a uma longa narrativa que enriquece minha experiência diária. Vejamos alguns:

- O linho é a fibra têxtil mais antiga do mundo (sim, mais que a seda!). Diversos livros trazem registros de múmias envoltas em mortalhas de linho em tumbas egípcias, datadas de mais de 5.000 anos a.C., além de desenhos decorativos de parede egípcios mostrando o processo de semeadura e colheita do linho nos anos de 2.400-2.200 a.C.

- Não há consenso acerca de como e quando teria se dado a introdução do linho na Europa, mas também se relatam achados de restos primitivos de linho em locais diversos, como Grécia, Itália, Suíça, Holanda e Portugal.


Capa de edredom de linho puro por @santalberti

- Na Bíblia também encontramos diversas menções ao linho, como um produto nobre e valioso. As informações mais dignas de nota sobre esse material dizem respeito à mortalha que envolveu Nosso Senhor Jesus Cristo após sua crucificação: “José tomou o corpo, envolveu-o num lençol limpo de linho e o colocou num sepulcro novo, que ele havia mandado cavar na rocha. E, fazendo rolar uma grande pedra sobre a entrada do sepulcro, retirou-se.” (Mt. 27, 59-60).

- O tecido de linho era altamente valorizado pelos romanos e já era, naquela época, especialmente usado na fabricação de guardanapos (284 a 305 d.C.).


Almofadas de linho puro por @santalberti

Só esses poucos pontos já nos trazem uma outra perspectiva, que pode nos levar desde refletir mais profundamente a simplesmente acrescentar um fato histórico às conversas em volta da mesa ao fazer o uso de um guardanapo de linho. Isso colabora para trazer muito mais significado às nossas casas e às nossas vidas.

Um outro aspecto que considero muito valioso no uso do materiais é pensar em como aquilo foi feito, sobre seu produtor, o processo e a jornada do produto até minha casa.

No caso do linho, as histórias são imensamente envolventes e nos revelam costumes locais e práticas encantadoras como esta cena retratada na tela de Emile Claus (1849-1924), que mostra que mesmo o trabalho árduo nos campos de linho pode abrir espaço para uma vida familiar comovente:


Tela de Emile Claus (1849-1924)

Mas esse papo vamos continuar na próxima. Espero que essa pequena reflexão ajude a trazer um novo olhar sobre os objetos que você possui em casa.